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Mostrando postagens de junho, 2009

Para Marie Thereze - O violão

Entre a corda e o violão Entre o samba e a canção Seu olhar enternecido, encoberto pela ferida. Sem entrever-se o guarnecido, ensaia a flauta dos dedos no violão embevecido. Espera e canta. E canta e espera. A doce quimera, o dia que passa, o Norte que amanhece, o mote que não esquece. Tem Fernando, tem Pessoa, tem meus lagos enormes lagoas de minhas lágrimas derramadas, tem meus versos e meus tristes jeitos. Entre as proas enormes cinzas, enormes fagulhas a saltar dos olhos. A embotar-lhe os sentidos, a arrancar do dedilhado, meu nome, meu doce nome sentido. k.t.n.

Para Fabrício

Saudades de um filho que não partiu, mas como parte o peito! Saudades do meu pedaço, das mãos mais lindas que estes olhos puseram vista. Saudades do seu rosto, dos seus olhos, do seu andar, da sua indiferença em atenção Saudades de Fabrício já sentidas. Saudades do meu pedaço, anjo louro. Branquinho, sorridente, criança meiga, alegria presente... Saudades, meu filho, saudades imensas, nem bem te ausentas e já sinto. Nem te vais e já pressinto. Nem te apartas e já invito a imensa volta ao coração materno. Soltar laços, desfazer contratos, assumir novos retratos, meu filho amado, és prenúncio de homem em barba por fazer, em riscos por correr.... Volta pra casa, antes da partida, volta pra casa, antes da despedida...antes do anoitecer. Põe os teus olhos mais umas vezes em tua mãe... Acerca-te os teus lados, ajeita os cabelos desalinhados... Provoca em riso minha fúria em brincadeira adoslescente. Joga-me no chão, puxa-me, dá-me tua mão... as mãos mais lindas que estes olhos puseram vista

Título

Sem título, sem tempo, com muitos livros, atordoada, informações, conformações, saudações pela saudade imensa do exílio, expatriada fui! Na longevidade dos teus olhos, do tempo que esparramaste no caminho, na quietude de teus passos, o homem, o sonho, a razão perpetua, alfineta-me, torna-me esguia, esquiva e admirada da tortura fria. É uma pressa, é um compromisso, é um firmar, é nada, é tudo. é o exílio, é o exílio, é esta doença fria,é esta dor vazia, é o inesperado, o sangue fraco, a anemia gotejada de tuas mãos a tarefa, a tarefa reinante em passos amantes, o desejo e o belo, tuas barbas sedosas, teus lábios mais que carnais, frutíferos anzóis pescando macios, rendendo-me em noite fria, fantasia... Por quê? por que eu? por que tu? por que névoas ensandecidas neste marrom febril, por que rosa em teus dedos frágeis, porque tuas pernas torneadas fraquejaram no suporte quando fortes suspenderam o gozo e o grito amoroso desvão. És fatídico, és pontual, és humano e serial. és desprotegid

Palácio Real dos bem-aventurados

Ei, meu?! Você, que se acha demais, Olhe para trás, o que está aí? Provavelmente, nada, nada antes de 'su persona'. Olhe para a frente, rapaz, oriente-se. Olhe onde nasce o Sol e perceba que não é um. Olhe para a multidão, encaixe-se nesta solidão, tome um gim, uma tÕnica. Se não for suficiente, um bom gole de aguardente e mande embora a presunção. E a sua forte enganação. Caia na real, no palácio não passa de servil, nem dá para lhe emprestar um bom-bril... nem forças para as panelas, quanto mais o fosso dos jacarés, sua habilidade já foi de primeira, deixou-o sozinho a virar camareira. Ajeite os lençóis reais, o edredon da rainha, acomode as almofadas da princesa, se é meu camarada para isto ainda serve. Aproveite o espelho, o grande espelho Real e mire-se de frente, de trás e de trejeito, analise o perfil, veja a magreza da sua vileza, esta leveza não passa do seu grande vazio. Ainda dirá:_ Estou com frio! Conselho: 'se fosse bom, não daria de graça', pague primei

Reconstrução

Imagem
O sono tirado, o perfume roubado, o passeio inacabado, o afeto atrasado foram resgatados e administrados em dias de sol, em passeios outonais, em matinais poesias, em rendas de alquimia, em estados de fantasia. Na pele o sol, no rosto o lar, nos olhos os azuis oceÃnicos das estrelas-do-mar. Na perna o segredo, nos dedos o gosto, na boca a frescura dos ares de junho. Nos braços o terno sagrado do encontro amigo, a magia da hora, Da campina breve. Trouxeram-me tudo, o rei e a rainha, trouxeram-me a côroa e o cetro de ouro, Deram-me embalados em caixinha de música o eterno sentimento, a ternura, a infância. Nas flores dos teus cabelos, na barba do seu asseio, os pequenos ajeitos, o gesto canino, festeiro e preguiçoso, pedindo carne e osso, entregando meus segredos. Nas crianças das passarelas, nas calçadas indiscretas, rola a roda da bicicleta, Vai de festa em festa, de pedal a pedal, no caminho das buganvílias, rosas de jardins aromáticos, esquecidos nos canteiros. Vai, a menina, vai!

mistral

Um mistral de poetas a cantar suas festas, a embalar em giestas doces serestas de palavras frescas. Doce aroma de café, de perfume exalando florais e madeiras, de sentidos de nervos, de estanques hoteleiras. Um mistral de poetas, uma figura, uma festa, uma orgia, palavras em profusão. Um agito, uma peneira passando pelo poros os melhores dos sentidos, rasgando em olhos vistos as belezas e as grandezas das nossas pequenezas... Todos loucos, todos loucos! Cheirando a melhor droga da fantasia: a poesia de todo dia. A poesia dos recitais, a poesia dos meus Natais, a harmonia dos casais, a euforia dos iguais, a diferença das senhoras, a diferença dos senhores. Tão iguais em nossos olhos. Contemplação. Recitação. Excitação. Sem palavrão. O corpo pede à palavra o destino correto. O corpo pede em silêncio pela palavra exuberante, rainha das atenções. Pede a magia do encontro, a ressonância no companheiro, a distância das incertezas e a proximidade do que se é libertação. Aos poetas, vida dura,

À miséria arrogante

Oração n.º 01 Às misérias cotidianas, às misérias dos arrogantes,tudo embalo e tudo calo e peço aos tolos que não me enganem, mostrem logo os dentes. Afinem o incisivo mais um pouco e atraquem no sangue das gentes A fúria da arrogância permanente. Trarei a seringa em punho, furarei tuas veias impunes, trarei-te o trato dispensado. O bom trato que mereces em festas de bacantes, o ereto, repousante, edificante, para a alma do assassínio do estado arrogante. Matarei teus ais, teus sais, teus cais, dirimirei tuas dúvidas e espargirei tuas urdiduras, tuas comensais mordeduras, devolverei! Não és meu, não sou tua, fica com tua certeza, tua vileza e carne crua! És cruel, maledicente, lobo em pele de serpente, demônio vil a espalhar o fel engana-te que de longe vejo-te e espalho o mel. Engana-te e de perto olho teus olhos, firo teus brios e vou-me embora em meus navios, tu ficas a atracar, a fundar nas águas negras turvas dos teus ais, procurando a estrela-guia, procurando no lume frio a la

Sufoco

A hora pede, a hora grita. Hora de voltar!Passar a porta, atravessar soleiras, Estancar a correnteza, conter os diques, amainar em lago o fluxo. Respirar compassada, respirar e aspirar o ar fresco da manhã, A pleno pulmões no café salutar e improvável da metrópole. Há café. Há pão. Há queijo. Há presença e há ausência revisitadas. Todas. Não te assustes, não te atemorizes................ a veia original verteu o essencial, à continuidade salutar. Não temas, há café. Não temas, há metrõ, há metros de filas, todas esperando o torrencial sinal de passagem, o destino da imensa viagem. Protagonistas, segunda classe, todos estaremos de viagem. Pára a estação, para as Embarcações, para as infrutescências, para as malemolências produzidas no coletivo. Só, entre todos. Não só, uma visagem! Bela paisagem. Coisas do Brasil! k.