mistral

Um mistral de poetas a cantar suas festas,
a embalar em giestas doces serestas de palavras frescas.
Doce aroma de café, de perfume exalando florais e madeiras,
de sentidos de nervos, de estanques hoteleiras.

Um mistral de poetas, uma figura, uma festa, uma orgia, palavras em profusão.

Um agito, uma peneira passando pelo poros os melhores dos sentidos,
rasgando em olhos vistos as belezas e as grandezas das nossas pequenezas...
Todos loucos, todos loucos!
Cheirando a melhor droga da fantasia: a poesia de todo dia.
A poesia dos recitais, a poesia dos meus Natais, a harmonia dos casais, a euforia dos iguais, a diferença das senhoras, a diferença dos senhores.
Tão iguais em nossos olhos. Contemplação.

Recitação. Excitação. Sem palavrão.

O corpo pede à palavra o destino correto.
O corpo pede em silêncio pela palavra exuberante, rainha das atenções.
Pede a magia do encontro, a ressonância no companheiro, a distância das incertezas e a proximidade do que se é libertação.

Aos poetas, vida dura, morte certa, vida longa, poema breve, vida insana.

Palavras em frases, expressões e sinais, alegria e fantasia onde domina a Senhora realidade, dona das dores, dona da essência que o impulsiona à caneta, dona das esferas, de todas elas, uma gentil dama, uma valorosa mulher, és o nome de poesia, Mulher, cantada na boca dos gentis cavalheiros de cabelos emplastados, de cabelos em desalinho, de olhares difusos e intrigantes, de palavras em baixo-alto falante.

Ó poetas, que passam por São Paulo, que fazem escalas noutras cidades!
Ó poetas caminheiros, de países os trigueiros estão em festa, estão poetas de ar em ar, estão aflitos, vivendo o mais profundo dos seus ais.

É hora, vamo-nos embora, deixemos as palavrórias, busquemos a poesia do dia a dia, da sobrevivência, busquemos a irmandade consciente, a labuta insistente, o perdão impossível e a carícia escondida no ato vergonhoso da moça gentil.

O poeta busca, sabe onde está, reluta, vê, recusa-se a levar tudo, . . . enlouqueceria. . .
O que vê está além das naus, atravessa um portal, é exangüe e castrador .......... vida pulsando, planeta girando, estrelas cadentes queimando-lhe as mãos a pedir digitação.

É muita poeira, é muito mágico, é muito instante, é muita hora, é preciso paciência, desmistificar todos os sentidos, delimitar-lhes, dar-lhes partido.
Estão todos misturados, PROFUSÃO.
Hora de separar joio e trigo, água e fogo, sombra e luz, branco e breu, dos olhos teus.

Kátia Torres Negrisoli,

Adamantina

Comentários

Anônimo disse…
Menina me diga, por onde pisava teus pés... Onde bailava tua inspiração... Que mares via?!
Pois, para inspirara esta beleza de poesia, tu, de certo, não estaria aqui, na terra dos homens mortos, mas nas alturas onde, poetas, somente eles conseguem pousar!
Ufa! Estou mais que encantada com tudo que leio e aprendo com voce.
Parabéns!!!!

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