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Mostrando postagens de janeiro, 2014

Pequeno conto sobre avós.

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Minha avó materna era italiana, tinha a mão pesada, polenteira, trabalhou na roça, lavou roupa na mina, passou-as com ferro à carvão e, vez ou outra, costumava bater em minhas costas magras dizendo: _Filha, você precisa engordar, está "fatí dica", os homens não gostam de mulheres magras! Que raiva! Não queria engordar, nem comer mais... depois, comecei a achar engraçado! Até hoje não sei, exatamente, o que é "fatídica", mas entendi, perfeitamente, que os costumes mudam, mas as exigências quanto ao corpo feminino não! Hoje quero comer chocolate, amendoim, pães e bolos, pudins e preciso controlar um tal de colesterol... isto sim, é motivo para bater em minhas costas e me lembrar: _Filha, vc não pode comer muito doce, vira gordura, que aumenta o seu colesterol, precisa se cuidar. E olha que não sou gorda, para os meus quase 50 anos, pouco peso acrescentei à idade. Nesta época, já queria ler Cecília e Clarice. k.t.n.* in memória de avó.

Fatigada

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A vida me toca. Toco na vida. Como quem remexe Ferida profunda. Ela responde. Taciturna, imunda. É a passagem ... A miragem enganadora De retinas fatigadas. Colete de esmeraldas Superpostas em rubis. Fada inescrupulosa. Tecendo aliens e arlequins. Falta cor e cinza prata. À tocar no alheio. Passagem ligeira. O homem ofegante. Sussurrando cansaço. Dos dias gritantes. Esperançosos coitados. Fé que se move, Entre o arco e o espelho. E o menino cresce. k.t.n.* in desafio de vida 1 Curtir · · Promover · Compartilhar

Sem vontade

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Ilustração Luis Quiles Escrever é um ato de vontade. Perdi a minha! k.t.n.* entre achados e perdidos

Cansaço

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Quem alivia este cansaço que me pega nesta hora? Sem cobrar nada, só brando lírio e açucena... Sem pedir ou mandar, só primavera e folhas tecendo. Quem me fala baixinho ao ouvido palavras sem sentido? Preciso do descanso-remanso da paz de um dia inteiro, Da vida toda que correu, verteu lágrimas no rio-mar. Desaguou no Planeta Terra e em outras eras morreu. Esferas contíguas de enganos, vid a,  leque se desfaz. Leve tudo que já amarelou, a calça jeans desbotada, O terno guardado no guarda-roupa esperando anos. A bota que a chuva não molhou, a cambraia que não bordei. Meus dedos tangem a boca vermelha que cintila carmin. E o pó da penteadeira pede o pente de madeira. Roubado da última festa, singelo na aresta da gaveta. Este cansaço sufocado precisa sair dos poros e das esquinas. Dobrar de fato o local inexato, sentir, partir e não voltar! k.t.n.*