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Mostrando postagens de novembro, 2019

Olhos furados

Furei teus olhos  👀  pus papas na língua, desfiei um rosário. Amedrontado foste-te embora. Desatinei um choro líquido, destes de molhar os pés. Inadvertida fiquei, que fugir era para os fracos. Deixei num cantinho papel e dobradura, caniço e aves cor de mel. Sarei teus pecados e menti sobre a minha rotina. Descortinei véu. Sem dó, nem piedade. Pedi a cor da terra para flambar os teus olhos e me despedi de pronto, que era hora de voltar. Quantas meninas ficaram é só tu comigo seguiste. Infinidade de caminhos. Um tolo apaga a vela sozinho. Já não estás.

Então é Natal...

Então é Natal... apesar da Simone, cantarei ao mês mais belo do ano, da época de encantamento, luzes, trocas de afetos e presentes, quando paramos, mesmo que por poucos momentos, para repensarnos a vida, o nascimento e o que fizemos nos outros meses. Balanço geral, para a virada de mais um ano. Sinto muito pelos que não gostam e sentem-se solitários, ou deslocados nesta época, pois gosto muito. Tenho doces lembranças da casa paterna que ninguém apagará, nem as luzes comerciai s do Natal  🎄  com seu peru enfeitado e panetones que saltaram da cozinha para dentro das caixas  📦  da Bauduco. Não, meu Natal  🎄  é mais do que isso e nenhum ranzinza virá estragar, prometo. A magia e encantamento que estarão no ar, a missa com a grande árvore  🌲  e suas bolas imensas coloridas que tingem minhas retinas, não, vc do azedume não estragará essa doçura, das novenas das velhas senhoras em seus trajes humildes e mãos benfeitoras em seus terços sagrados. Não, vc não, vc não virá estragar. A Missa

Gases

Perdi o sono, tenho vontade de escrever, mas minhas palavras seriam de um certo cansaço e as pessoas não gostam de cansados, feios, ou tristes. Porém não sei fingir com as palavras, Pessoa talvez o tivesse feito e com maestria em seus heterônimos, mas meus dias têm sido incomuns. Dores discretas nas àreas afetadas pelo câncer, somada aos efeitos da quimioterapia e da própria doença. Os gases brotam e empurram os locais de dor aumentando e me fazendo contorcer, suar frio até o  próximo vômito e eu detesto vomitar. Tolero e convivo com as diarreias, dou um jeito nelas, fico fraca e em repouso, mas não me importo, contudo a vertigem de botar para fora é cruel, não sei lidar bem com isso. Apavora-me! Será que é a mania de querer guardar tudo para mim e resolver em silêncio  🤫  as intercorrências? E o jorro espalhafatoso me denuncia, deixando-me prostrada e eu não quero me render.

ciranda estranha

Há uma ciranda estranha: irmãos chamam os filhos, filhos chamam empregadas, empregadas chamam irmãos. As pessoas acham difícil conviver, ou ter que arcar com um doente, não são preparadas e se apavoram ao primeiro sinal. Há de se ter força, resiliência e enfrentamento, aliado a uma boa dose de carinho e bom humor. As pessoas têm seus traumas e medos e eles afloram em situações mais complexas, que exigem a calma,,discernimento e ações pontuais. Diria até uma certa frieza circu nstancial. A razão e a emoção precisam de equilíbrio, nem tudo está perdido, há, ainda, possibilidades de tratamento pela frente. Dizem que o que pensamos acontece, quase uma sentença na cabeça do paciente que se sente culpado por não conseguir resultados mais satisfatórios. Há muitos julgamentos embutidos e se livrar desta tralha toda dá trabalho. Inúmeras igrejas, com a melhor das boas intenções, querem te levar para cultos e rezas, muita pressão. Resistir é tarefa de Leäo, tenho a minha fé e não se resume aos d

Pessoas

As pessoas gostam de receitas culinárias, ou fotos de receitas prontas e, também, de relatos fieis das nossas vidas. Os desabafos com as narrativas reais atraem a atenção, isso prova que pessoas precisam de pessoas, precisam do outro para se posicionarem no planeta, nesta geografia louca e atemporal. Uma pessoa que relata fatos e é verdadeira diz de sentimentos e circunstâncias que acontecem amiúde nesta vida à fora. Não tenho medo de julgamentos e quando sinto necessidad e, escrevo, não guardo só para mim, as fragilidades de um fortalecem o outro, ou os faz repensarem. Dor não se mede, se sente, cada qual tem a sua e a partilha, penso, é positiva. Dividir momentos bons e os não tão bons, porque a vida é feita deles, se fosse perfeita, que graça teria? e a emulação? E a nossa interferência para que o melhor aconteça nesta troca de energias salutares. Não estamos sós, nunca estivemos. A identificação pode acontecer e se for repulsa, a pessoa não partilhará e seguirá sem interagir, tudo

Fome

A fome move o mundo.

Partilha

Sou das partilhas Das coisas antigas Daquelas guardadas Sem pó.  25/11/2017

Pessoas

As pessoas gostam de receitas culinárias, ou fotos de receitas prontas e, também, de relatos fieis das nossas vidas. Os desabafos com as narrativas reais atraem a atenção, isso prova que pessoas precisam de pessoas, precisam do outro para se posicionarem no planeta, nesta geografia louca e atemporal. Uma pessoa que relata fatos e é verdadeira diz de sentimentos e circunstâncias que acontecem amiúde nesta vida à fora. Não tenho medo de julgamentos e quando sinto necessidade, escrevo, não guardo só para mim, as fragilidades de um, fortalecem o outro, ou os faz repensarem. Dor não se mede, se sente, cada qual tem a sua e a partilha, penso, é positiva. Dividir momentos bons e os não tão bons, porque a vida é feita deles, se fosse perfeita, que graça teria? e a emulação? E a nossa interferência para que o melhor aconteça nesta troca de energias salutares. Não estamos sós, nunca estivemos. A identificação pode acontecer e se for repulsa, a pessoa não partilhará e seguirá sem interagir, tudo

Sou.

Nāo sou a que veio para ficar. Sou a que sempre está a partir, procurar cantos de sereias  🧜‍♀️  mundos novos e encantados. Não sou a que veio para ferir, mas lanço dardos e flechas, podem te atingir. Sou ainda a forasteira ignóbil, a que ficou na soleira e não adentrou a sua casa. A que olhou sobre os ombros e deu um passo para trás, encontrou outra sombra entre as árvores centenárias.

Na sua cabeça

Escrever sobre o que não se viveu ainda, ou somente supôr, como numa obra de ficção, é um desafio. Quando o revólver aponta para a sua cabeça, paralisa todos os membros e o pensamento se agita no cérebro sem poder mostrar movimento, qualquer sinal de vida, pois é uma ordem mantê-la. Uma quietude circunstancial, não programada, paralisia de face. Dedos ficam preguiçosos, mãos caídas rentes ao corpo que implora -vida-. Por não se saber o que virá, o instante deixa de passar e acontecer, uma paralisia inquietante e quando se percebe meses se passaram e o que vc fez? A não ser fitar o horizonte? Descansar as carnes doídas e os nervos flácidos? Num relance, observa a barriga que se avoluma e os gases já não encontram saída, é a dor torturante, lembrando-te que podes gritar, gemer e mostrar a si e ao mundo que resta vida e energia no corpo lacrado.

Mar

Não me canso de tanto mar,  mesmo que não possa ver não me canso de olhar.

Natureza braba

O rio é lindo, vasto, convidativo, mas entrar nele é assumir possíveis encontros com cobras. A natureza é feroz, bonita, sedutora e convida à sobrevivência. Perder o líquido benéfico pelo medo, melhor aprender a se defender e nadar nas águas possíveis de serem controladas. A Natureza, de longe idílica , de perto cheia de mosquitos  🦟

Tanto mar

Não me canso de tanto mar,  mesmo que não possa ver não me canso de olhar.