Cansaço


Quem alivia este cansaço que me pega nesta hora?
Sem cobrar nada, só brando lírio e açucena...
Sem pedir ou mandar, só primavera e folhas tecendo.
Quem me fala baixinho ao ouvido palavras sem sentido?

Preciso do descanso-remanso da paz de um dia inteiro,
Da vida toda que correu, verteu lágrimas no rio-mar.
Desaguou no Planeta Terra e em outras eras morreu.
Esferas contíguas de enganos, vida,  leque se desfaz.

Leve tudo que já amarelou, a calça jeans desbotada,
O terno guardado no guarda-roupa esperando anos.
A bota que a chuva não molhou, a cambraia que não bordei.
Meus dedos tangem a boca vermelha que cintila carmin.

E o pó da penteadeira pede o pente de madeira.
Roubado da última festa, singelo na aresta da gaveta.
Este cansaço sufocado precisa sair dos poros e das esquinas.
Dobrar de fato o local inexato, sentir, partir e não voltar!

k.t.n.*

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