Mar de Concha
Com teus ateus e sem adeus. o meu
sol brincou no varal. trouxe promessas antigas. douradas feitos grãos de milho
do avesso. pinicou nas mãos. mas não sangrou. Antes singrou mares.mas o branco
das velas grudou nas caravelas e foi. E foi e voltou. E voltou
e foi. nas ondas do mar bravio. e contou das idas e vindas a todos esta boa
nova. E cantou no ouvido a canção maior. ventilou nas ideias fatos. amor.
contou. dançou. rodopiou. roda-pião gigante bem pertinho das palmas da minha
mão. roda incessante num grito meu. neste mal ateu. que somente anjos meus
compartilham e divisam. grito esférico longínquo atravessando marinas. cortando
ondas o batel. bate redondo. pontiaguados meninos. sarando feridas o Sol em
águas brancas de brancas cortinas, roupas espraiadas no varal./
Assim,
Assim foi o Sol e Ceu, o Ceu e
Mar. o antes previsto e indivisível adeus permutou. acabou a dor. o navio
singrou. as roupas desceram do varal e vestiram a menina. um Rei sonhou!
Kátia
Torres Negrisoli k.t.n. * in mar de Concha.
Inspirado no poema de Concha Rousia, poeta da Galiza.
Domingo ateu
Devo fazer trabalhos físicos. Lavei minha roupa à mão, botei minha camisa-de-noite e meus brancos lenções a arraiar, pra que dêem a cara, lembrando as palavras da minha mãe... deito eles sobre a relva do quintal e faço nascer a noite na casa da joaninha, depois estenderei-os entre as árvores para que enjuguem, e sou consciente de que irei desfazer a casa das aranhas... Tudo que faço tem efeitos colaterais, mas pelo menos não deitei lixivias no ventre da terra e não assassinei o futuro desses bichinhos e nem o meu... E agora contemplo como o sol faz bem o seu trabalho, ele, meu grande ateu, trabalhará todo domingo, o dia todo.
Concha Rousia
Quintal d'Amaia 21 do 10 do 2012
Devo fazer trabalhos físicos. Lavei minha roupa à mão, botei minha camisa-de-noite e meus brancos lenções a arraiar, pra que dêem a cara, lembrando as palavras da minha mãe... deito eles sobre a relva do quintal e faço nascer a noite na casa da joaninha, depois estenderei-os entre as árvores para que enjuguem, e sou consciente de que irei desfazer a casa das aranhas... Tudo que faço tem efeitos colaterais, mas pelo menos não deitei lixivias no ventre da terra e não assassinei o futuro desses bichinhos e nem o meu... E agora contemplo como o sol faz bem o seu trabalho, ele, meu grande ateu, trabalhará todo domingo, o dia todo.
Concha Rousia
Quintal d'Amaia 21 do 10 do 2012
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