Memórias

O que seríamos sem nossas memórias? Sufocar alguma delas acontecem, mas elas voltam, mais fortes e tracejam nos olhos pingos d'água, porque não há nada que não seja importante, mas a mente seleciona. Reviver é viver de novo, de uma forma saudosa, imperiosa e imanente do ser. Memórias de amor, de paz, de alegria, de sentimentos fortes que construíram nossa vida e teia mental. Traumas são sufocados, porém podem ser tratados e revividos em outra atmosfera e entendimento. Isso é uma salvação pessoal. Um carinho, um gesto, um cheiro, aconchego é o que nos alenta e procuramos em músicas o elo que se fez e é bom. Tenho medo de mente vazia, de quem apaga todas as luzes, as faíscas precisam tremer em nosso íntimo e nos renovar à vida, na busca de novas e boas memórias. O que te renova? Um beijo silencioso, um abraço de mãe, carinho de vó que lhe sorria e lhe punha para a frente? Os amigos imprescindíveis a esta construção, a escola, a casa, a família, os laços que prendiam, desfizeram-se e deram origem a outros laços e afetos e vida que segue.
Não, não sufoque minhas memórias, quero-as todas, lívidas e firmes lembrando-me quem sou e a trajetória. Ter uma é imprescindível e mantenedora das pessoas em pé, rumo ao que não conhecemos, o limiar, o fim neste corpo físico. Elas são da alma, embalam o corpo, agradam, acariciam, aliviam, mas são do espírito. O que temos angariado? Dar-lhe-ei uma música e logo se lembrará. Tamborile os dedos, tamborile, faça barulho, espalhe suas sementes no ar, faça ruído, um ruído brando de satisfação.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cantinela

Frutas

Pode ficar!