Paladar

O paladar, 
quando se perde é uma agonia, tirem-me o olfato, mas deixem-me a gustação, as memórias dos alimentos precisa ser recompensada. se forem para me tirar um dos cinco sentidos, escolheria o olfato, que por sinal me é bem apurado, mas deixem o sabor, este fel que ora atravessa minha boca, perpassa como fogo a garganta e insiste em me afastar dos pequenos prazeres da culinária, é terrível. Nada tem gosto, a água é penosa para ser ingerida, castigo dos deuses? Dizem as religiões, mas não acredito, piamente, nelas, refaço minha linha de pensamento e me engulo e me engulo. A mim interessa a própria digestão, quanto aos alimentos, preciso engoli-los, aceitá-los e empurrar goela abaixo, questão de sobrevivência e para isso fomos treinados, constantes animais que fazemos parte da cadeia evolutiva. Predadores e predadores de nós mesmos numa autofagia nauseante. Princípio de sobrevivência, instintos apurados, cujos sentidos completam. Deixem-me a doce memória dos doces de infância se concretizarem de novo em mim. k.t.n. in ode ao paladar.

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