Prosa 3 - Sete de Setembro

3-
A poesia sempre me tocou de maneira especial, quando criança, lembro-me da minha mãe em nossa máquina de arroz, ajudando-me a recitar um poema para declamar no dia Sete Setembro no grupo escolar. Sim, meus pais tiveram uma máquina de benefício de arroz, que era movimentada, sobre isso, falarei depois. Então, minha mãe se postava em pé ante mim e eu tentava decorar e recitar os versos para a data que era envolvimento de toda a pequena comunidade daqueles anos idos, nossa querida Vila Yolanda-PR, e repetia para ela, depois sozinha para mim mesma até o dia da apresentação:


"Sob o toque dos tambores
Acordei sobressaltada
Fui dizer à mamãezinha,
Oh, que toque de Alvorada!


Toda vestida de flores me lembro..."


Daí para frente não me recordo do restante do poema, que poderá aflorar no decorrer destas reminiscências gostosas e salutares que marcaram a infância.
Esse gosto perpetuou-se no decorrer da minha escolarização, mormente no colegial, nas aulas de literatura, onde as palavras ordenadas de forma especial, encantavam-me os olhos e aguçavam a interpretação sob o entendimento juvenil, fresco e, de certo modo, ingênuo para com os acontecimentos individuais e coletivos, que somente os anos e a vivência podem proporcionar.
Nas aulas que ministrava, enquanto professora de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, podia me aprofundar nessas interpretações, juntamente, com os alunos, com a vivência e riqueza que cada qual trazia, uns mais, outros menos, alguns sequer entendiam, diziam, _não entendo nada disso, "esses caras são tudo doido, professora". Com minha insistência, levei muitos a gostarem e a escreverem textos poéticos e asseguro, não é uma tarefa fácil, mas era prazerosa.

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