A paz...

A paz pode ser um recado na parede/ um incenso sobre a pia/ a roupa lavada e estendida no varal/ o cachorro se espreguiçando no tapete/ o cabelo solto entre ventos/ o funeral discreto/ a missa, a preguiça, a malícia. Não, a malícia não é paz, é desassossego, coisa de doido. O gato machucado não é paz/ a nota ruim, o emprego que não veio. Mais do que isso, não é paz a fala indiscreta e indevida, o querer mais que querer/ o poder invasivo e não autêntico/ não, isso não é paz. A paz pode estar num lago manso, numa floresta e, incrivelmente, numa guerra/ para haver paz, há de se ter coragem/ ser um grande caçador/ um anjo torto/ buscar em estrelas determinação/ arrogar-se direitos e recuar ante a tempestade/ a paz se faz de dias/ de horas/ minutos/ faz-se a paz de açúcar e afeto/de doçura e flores/ das palavras mais doces/ do gesto de carinho/ do estar sem perceber. esta é a paz que eu quero.
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