Presságio


Estou indo. 

Sei, preciso ir.

Seguir nesta ânsia sem frenesi.
Neste quieto demorado, seguir.

Preciso, 

Preciso, 

Ir, ir, ir...

Quando gostaria de parar.
Costurar todas as roupas.
Plantar as hortaliças principais.

Bordar
Ler,
Escrever.

E este ir inquieto 
não me deixa quieta.
Preciso deste tempo
 de muito tempo
 e não há e não há.

Não dou conta!
Este ir,
Ir, ir, ir...
Aborrece-me.

Gostaria de parar na beira da estrada.
Na borda da rua, 
Numa esteira e nua
Conflagrar o tempo indigesto.

Parada e quieta.
Quieta e parada.
Só as mãos artesãs tecendo.
Fios de prata e de lã quente.

Assim...

Gentil e compassiva.
Compreendida, abraçada.
Magra dos infortúnios e
 muito gorda das ideias.

E a solidão daria passagem 
Aos astros-reis que permeiam noite e dia
Estrelas, Luas e Sois, 
belas nuvens carregadas de trovões.

E este ir, ir, e ir...
Ficaria quietinho dentro de mim.
Olharia todas as belezas já vistas.
As possíveis e alentadoras.

E não iria, 
não iria, 
ficaria.

E numa provável noite de verão,
morna e esquálida forma,
Deitar-me-ia numa rede,
Desfalecida e inclemente
Pedindo docemente,
É chegada a hora!


Beije-me!

k.t.n. in estranho presságio.

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