Húmus
Feita das espécies me compus
Neste campo fértil de húmus
Troglodita de resíduos e verminoses
Embarquei num mastro rumo
ao rio
Neste fundo do rincão macio
As dentaduras caídas ao largo
Espécie de contrato com o malfadado
Entrega do que faltou
As areias da enseada prantearam
Levantaram-se para me suspender
Já de barro puro já não sou
Contaminada de insetos e pus
Pés tardios em andanças mil
Mãos partidas em comboios e navios
Ruminando entre hálitos e salivas
Nocivas falas, grunhidos inatingíveis
Eis o homem!
Composição febril!
Saco de batatas em patente dissolução
Degradação dos dias o tempo não engana
Perde-se mais ainda, nas vaidades mundanas
E os vírus do fracasso e do temor
Se assenhoreiam deste passo largo
Que é deste corpo falho e macio?
Que é do sabor, paladar, linguajar?
Em horas terrestres que os sombrios passeiam
Em noites de geada, de vento e de peste
Acumulam os nervos mensagens atrozes
Levando ao regaço do epitáfio
A mensagem única
Que rasga a sublimidade, a pele macia
Do pêssego e veludo
O húmus atingido e fecundado
Retorna, retorna humidificado
Faz novo rosto, contorno, utopia
Um novo homem, face a face
Unhas frias, boca silente, aguardente
Brota das terras e dos conglomerados
Imagem infantil engano para crescer
E passa boi, passa boiada
Leva-se, assim, às madrugadas.
k.t.n. in vermifugando
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