Dá para acreditar?

Nunca mais serei a mesma, nunca mais. Disse isso para que pudesse acreditar e levar adiante o peso do que ficou mal resolvido. O certo seria nunca mais confiar, sempre e nunca, pois mudamos e cantamos conforme a música e outros mudam mais, conforme camaleões. A maturidade não ensina, cometemos os mesmos erros, embora os sinais, os sinais, inevitáveis e que fazemos de tudo para não ver, ouvir, sentir. Dói menos. Não, dói mais, depois muito mais. Então, acreditar no que se vê, no que se ouve, no que se sente e nunca mais acreditar no auto-engano, no que potencializamos para seguir em frente, numa máscara assustadora, que craquela amarelecida e cai. Quem ausentou o seu coração? Quem se ausentou? O que nunca esteve, só tangenciou, cutucou suas águas fundas com o anzol, pescou o que pôde e se foi, a limpar o seu peixe e as suas mãos, porquê vestígios. Melhor não. Pé ante pé, sai sorrateiro e fecha a porta, macia, como o andar do assaltante dentro da casa habitada e leva e leva e ninguém vê, ou finge dormir, para o não enfrentamento. Covardia, instinto, ou preservação da espécie, esta tão mutilada, de ventre, coxas, braços, encéfalos, coração. Este é só um, só um. Aprendeu? Nunca mais confiar, nunca mais acreditar e descer a ladeira com pão branco sob o braço tendo a certeza de que logo terá mais um café.

Dá para acreditar?!

k.t.n. in dias 

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