Repositório de tempo.

Tudo estranho,tudo novo
e estranhamente perturbador.
A novidade que se avizinha
avilta a mente.

O contato com a pele nova
seduz e amedronta.
A matéria enferma
pende do asfalto cruel.

Lima a língua e
tesiverja sobre falácias cruentas.
O homem sábio se afasta, 

atinge o cume.

Exalam espinheiras, 

bagos de jaca e jatobás.
E o machado corta, 

o machado corta!

Uma lua brinca
e um Sol se esconde.
A criança atravessa a rua
e é pique.

Um velho cospe,
saliva e engole as próprias.
Nada de novo,
na velha guarda estranha perturbadora.

E tudo brinca de novidade,
espantando velhas saudades.
Quem dera a búrica azul
caísse no buraco certo.

Mas o gude da bolinha
se espana e se espalha.

A mãe grita um poema longe
e as bonecas se espalham.
Fazem festa para os grilos do porão.

De novo a velha guarda volta ao tempo e repete:
_ Tudo estranho, tudo novo
 e estranhamente perturbador!

Ao longe, o homem fuma da sacada.
Seu short cai pela barriga saliente,
a fumaça se esvai.

Diz de si para si:
_ Mais um dia que se vai!
Não se perturba, é a ordem.

Mas a velha guarda não descuida
e repete o tempo.
Repete a ordem
 acha tudo novo,
estranhamente novo
e ensolarado na noite sangrenta de Paris!

k.t.n. *& in repositório de tempo.

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