Tardes derramadas

E nestas tardes suaves, avestruz/
Tanto calor-calor que faz cruz/
Sentinela dos teus/
Amores partidos em tardes quentes/
Horrorosos /
Sibila entredentes marfim e ebúrneos de sonhos derramados/

E cachoeiras disgtantes deságuam em homens e mulheres sedutoras/
O suor escorre das faces/Lateja a testa das moças/
E os homens vestidos sapatos e ternos, sempternamente sectários/
Se agitam e agigantam-se tomando Gim, a tônica/

Prevalece a tarde, morosa, quente, respingante/
O Sol não moureja no Horizonte/
Os pardais confessam panelas de arroz e araras azuis gritam/
É um festival!/

Folhas verdes teimam em não derreter, tremulam em bandeiras nacionais/
Os galhos esféricos levantam-se e riscam o ceu, aproximam-se/
A prece da senhora gorda lambuzada de gordura e sebos/
Escorre dos lábios da menina mais quieta cheirando o doce da panela/

É arroz doce, algodão-doce, batata-doce queimaram nas mãos/
Grudaram nos dentes, empastaram a língua-fel/
E seguiu a tarde quente, sempre quente, nem parou o enterro solene/

A tarde quente sempre quente fermenta/
Insetos hibridizaram as antenas parabólicas/
Em olhar sextavados-circulares, nada oblíquos/

É tarde, é verão, Adamantina.

k.t.n.*

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