Das noites...

Elerê

Eis que chega a noite linda a filtrar-te em seus fios...
Chega mansa, sorrateira, enovela os cabelos, traz a mancha do outro dia.
Esparge em sons difusos, notas, pedidos e entremeios.
Recorta teus lábios, cai-te à testa, ensombrece, enriquece.

Tranqüila, de olhar sombrio, avança de primeira, em instantes: altaneira.
Pontilhada de agulhas, são as farpas do derradeiro, é festa agora, chega ligeiro!
Toma teu assento, busca, no firmamento, a resposta da perene pergunta.

Enobrece teu instinto, dá vazão; enternece-te, então... é noite...
Mais uma, gentil, cumprimentando em seu semblante, fazendo versos...
É o poeta errante... é a música certeira, são seus passos acobreados...
Um deixar-se de se perder, em breus, metades, partes.

Olha bem! O fulgor tange, os brilhos clamam... é a noite do meu bem!

k.t.n.


Eis que a noite chega e traz, na melhor hora, seus anseios.
Enovelados em pertences de terceiros, agrupados em papéis esparramados.
Nessa hora de Ave-Maria, em que o crepúsculo desarma nossas forças inúteis,
É que emergem à fronte o seguro, o inevitável sentir mais que pensar.

Avisando o cérebro cansado dos trejeitos, das tramas urdidas,
Repousando o corpo quadrado, estirando em todos os sentidos.
Numa hora um passar, um tempo, um quasar...
Nesta hora um aviso desmedido, um alerta, um sentido.

Um pouco do ontem, misturado ao hoje, num amanhã sem fim.
Nesta hora o veneno, a serpente, passeiam em busca indecente.
Os pássaros se recolhem, as flores se acalmam, a natureza conspira.
Os homens se encolhem, a grandeza assusta. È nesta hora, que me encontro, diminuta!

k
t
n
.
2008


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