Alma poetisa
Reflexão O que o poeta precisa para escrever? Nada, além de um ponto escrito. Nesta procura insana, o que escreve é quase nada, é o que lhe chega de mansinho, de soslaio, invade a alma e não se cala. O que o poeta necessita para viver? Não muito, a não ser palavras compostas, em sequências dispostas, em alterações, altercações e imbricações,... A mente, ah, esta mente poetisa é algo que não se profetiza, pois nasce não só do acaso, mas do perfil que lhe vem de rastro, nas horas dos dias, dos dias do meio, dos dias recheio, dos milênios atrasados. De onde vem a insistência do poeta? Vem da mente em burburinho, que não consegue lhe deixar sozinho, vem da mensagem, das imagens, das rosas púrpuras do Cairo, dos alexandrinos esquecidos, dos decassílabos oitavados, dos sextavados em quartetos, ou dispostos sem nenhum jeito. De onde vem a audácia do poeta? Vem do amor, do engano, da paixão. Vem da solidão, da emoção emporcalhada da sua razão, vem dos pés que tocam o alto e da cabeça que revi